Afirmo e reafirmo: a culpa é da mídia.
Ela hiperdimensiona.
Kaká, Messi, Cristiano Ronaldo e Rooney não são muito melhores do que Felipe Melo.
São apenas um pouco melhores.
Nesta Copa, o inglês jogou tanto quanto Gustavo Papa no Inter.
Messi ficou longe de ser o messias.
Cristiano esteve mais para Ronaldo depois do sucesso.
Kaká só surgiu para riso na internet: kakakakaka.
Basta um chapéu para que a mídia já invente um extraterrestre.
É o hiper-realismo do futebol.
Um jogador não passa a ser o melhor por ter sido escolhido o melhor do mundo, mas, por ter sido o melhor do mundo, vira para sempre o melhor.
O melhor do mundo é o melhor de um ano.
Uma escolha que envolve alguns elementos objetivos e uma infinidade de circunstâncias.
O hiper-real é aquilo que se torna mais real do que o real.
Por ter feito mais gols, um jogador pode ser eleito melhor de um ano, melhor do mundo.
Por ter sido melhor do mundo, ele se torna um extraclasse, um fenômeno, um craque.
Mas os craques de hoje estão apenas um dedo acima dos medianos.
Daí as decepções.
Espera-se que eles façam magias.
Eles só fazem, quando fazem, um pouco mais do que a média.
A mídia sabe que sonhamos com o extraordinário.
Dado que ele não existe, ela o inventa.
Quer dizer, acelera.
É um efeito.
A gente acredita.
Afinal, queremos ilusão.
A mídia cobra dos jogadores aquilo que eles não prometeram, mas que ela lhes atribuiu.
Faz bem, pois os salários decorrentes da hipervalorização eles aceitam.
Craques ainda existem?
Talvez.
Vi muito poucos.
JUREMIR MACHADO DA SILVA - http://www.correiodopovo.com.br/Opiniao/?Blog=Juremir%20Machado%20da%20Silva
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