quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Faz tanto tempo

FAZ TANTO TEMPO

Faz tanto tempo que não escrevo
E o mundo (ah, o mundo)
Não cessa de girar
Tampouco espera por mim

Faz tanto tempo que não escrevo
E o tempo (esse senhor tão travesso)
Gira seus ponteiros de bronze
Passo a passo, sem remorsos

Faz tanto tempo que não escrevo
E a vida - a vida -
É feito montanha nua
Acima de mim, acima dos homens

Faz tanto tempo, meu bem,
Que a poesia não vem
Nem bate à minha porta
Tampouco pergunta por mim

Faz tanto tempo, meu bem,
Que a vida, o mundo, o amor,
São meras palavras vazias,
Rascunhos no branco papel

E o tempo, esse senhor tão travesso,
Zomba de mim a perguntar:
Teu texto, teu canto, palavras,
Jamais vão me reencontrar?

Faz tanto tempo que não escrevo
Poesia, meu bem, onde estás?

Jorge Fernandes - www.litoralmania.com.br

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